As Correntes Precursoras do Movimento Hippie

Bem antes do festival de música Woodstock, já nos anos de 1950 assistimos à década da contracultura Beat ou da Geração Beat um movimento literário e cultural que se desenvolveu nos EUA nos anos 50 e 60.

Este movimento proclamava a recusa da sociedade industrial e o desejo de reencontrar as raízes americanas na viagem, (On the Road, de 1957, de Jack Karouac), na meditação (influenciada pelo Budismo Zen), e nas experiências estáticas (a droga).

Os escritores A. Ginsberg, J, Karouac, W Borroughs e L. Ferlingheti são os seus principais representantes.
Na década seguinte, 1960, revelou-se o Movimento Hippie que nasceu em S. Francisco, EUA, em finais dos anos 60, por volta de 1967 e espalhou-se pela Europa.
Os Hippies são os sucessores dos existencialistas, Beatnicks dos anos cinquenta.

O Hippie é adepto de uma ética fundada sobre a não-violência e a contestação à sociedade industrial e propondo a liberdade em todos os domínios da vida da comunidade.

É também um jovem que, pela sua maneira boémia de viver, pelo modo inconformista dos seus trajes, pelos cabelos compridos e, eventualmente, pelo uso de drogas, está em oposição aos valores tradicionais da sociedade.

Dois dos maiores ícones dos Hippies na música foram, Janis Joplin e os Jefferson Airplane. O Hino dos Hippies é uma maravilhosa música e letra da autoria de John Phillips, lendário músico – compositor, guitarrista e vocalista dos Mamas and the Papas, chamada “San Francisco”, e é interpretada e imortalizada por Scott Mckenzie.

O Impacto dos Acontecimentos globais

É nesta prodigiosa década, referência mítica do século XX que uma série de acontecimentos promovem uma profunda alteração da sociedade e das quais salientamos as seguintes:

O célebre negro Martin Luther King, ícone dos direitos humanos, bem como, John Fitzegerald Kennedy, popular Presidente dos Estados Unidos e o seu irmão o senador Robert Francis Kennedy, são alvejados a tiro e mortos.

No Vietname, tem início, em 1965, outra tremenda guerra.

No Centro Espacial Kennedy, Cabo Canaveral, Estado da Flórida, Estados Unidos da América, às 9 horas e 32 minutos, do dia 16 de Julho de 1969, é lançado na atmosfera o foguetão “Apollo 11”, com destino ao planeta Lua, levando a bordo os astronautas americanos Neil Armstrong, Buss Aldrin e Edwin Collins, que alunou no solo do satélite da Terra, em pleno “Mar da Tranquilidade,” no dia 20 de Julho de 1969, data histórica para a humanidade, quando o homem, pela primeira vez, pisou o solo lunar, concretizando assim um velho sonho.

“Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade”, foi a primeira e famosa frase de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar o solo lunar. Finalmente o homem havia chegado à Lua. Um sonho antigo idealizado desde Júlio Verne.

Ao lado desta ebulição tecnológica emerge um outro lado, o lado da irreverente juventude americana saturada com a retrógrada mentalidade da sociedade tradicional conservadora ortodoxa, aspirando por mais liberdade, paz e amor, por uma mudança nos usos, costumes e tradições, revoltada com a política e os políticos, e sobretudo com a iníqua intromissão dos Estados Unidos da América na devastadora Guerra do Vietname-

De um lado os EUA, ao lado do governo de Saigão, capital do Vietname do Sul, de influência americana e ocidental, na guerra contra os “vietcongues”, do outro os guerrilheiros comunistas apoiantes do governo de Hanói, capital do Vietname do Norte, de influência “sino soviética”, cujo Presidente era o general Ho Chi Minh, apoiando uma guerra que não era do agrado popular.

Make Peace Not War

Desta confrontação, assistimos ao “explodir” através da juventude um poderoso movimento pacifista de jovens “Hippies”, que exortava à paz, ao amor e à felicidade, tendo como símbolo icónico a flor e que ficou registado como o célebre, lendário, histórico e importantíssimo “Movimento Hippie”, da paz, do amor e da felicidade, famoso como o poder das flores termo usado pelos “Hippies” dos anos 60 até ao início dos anos 70.

Um paradigma da ideologia pacifista, da contracultura e de total rejeição ao poder instalado, ao consumismo exagerado, à especulação, ao capitalismo selvagem e à devastadora Guerra do Vietname caracterizam este movimento.
Numa clara rejeição da guerra tal como afirmava Albert Einstein “A guerra é a coisa mais desprezível que existe.

Preferia deixar-me assassinar do que participar nesta ignomínia.” não podemos esquecer nos de John Winston Ono Lennon.

A contracultura Hippie é uma cultura contra os valores culturais hegemónicos, contra a guerra no Vietname, manifestada na música, no vestuário de calças largas, no uso de cabelos longos, uso de droga, meditação transcendental, liberdade sexual, pintura escultura e literatura.

O “Hippie” era um jovem boémio na sua maneira de viver, de mentalidade e personalidade inconformistas, manifestadas pelos cabelos compridos, barba crescida, eventualmente pelo uso de produtos tóxicos e narcóticos alucinogénios, e até pelos seus trajes simples, rejeitando por isso todo o vestuário muito aprumado, próprio da sociedade consumista capitalista. Adepto de uma ética fundada sobre a não violência e a contestação à sociedade capitalista, à sociedade industrial, e propondo a liberdade em todos os domínios da vida da comunidade.
Hippie, era, portanto, todo o indivíduo que se afirmava opositor do consumismo exagerado e de todos os valores tradicionais da sociedade de consumo capitalista, uma espécie de anarquista.

A Mensagem de John Lennon

O conhecido músico e compositor dos “Beatles” , lendário pacifista “Hippie”, rejeitava a guerra como se deduzia das suas mensagens “Mãe, não quero ser soldado. Não quero morrer” e “Geave Peace a Chance” = “Dá uma Chance à Paz,” para além do maior apelo ao mundo e que se tornou na base da célebre “filosofia propagandística Hippie”, “Make Love, Not War” = “Faz o amor, não a guerra.”

O pensamento filosófico e idealista do lendário, músico e grande pacifista “Hippie”, John Winston Ono Lennon, membro fundador dos Beatles, em 1962, grande ídolo e ícone da juventude “Hippie” e do século XX pode ser resumido no texto que a seguir transcrevemos:

“Faz o teu próprio sonho.
O poder é do povo. E assim que o povo estiver ciente de que tem o poder, ele poderá fazer o que quiser. E se for o caso de não saber o que fazer, vamos anunciar que existe uma opção. Todos terão voto. Votem na paz.
Imagina que não existe nenhum país, não é difícil de conceber. Nada por que matar, nada por que morrer. Nenhuma religião também. Imagina o povo a viver na paz. Imagina a não existência de propriedades. Pergunto se consegues? Nenhuma necessidade de ganância ou fome. A fraternidade entre os homens. Imagina todas as pessoas a compartilharem todo o mundo.
Talvez digas que sou um sonhador, mas não sou o único. Espero que algum dia te juntes a nós, e o mundo viverá como um único.”

É exactamente neste contexto que assistimos à realização do festival Woodstock, do qual deixamos o programa.

Fernando Serrão
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