Cheguei à conclusão que já ando a observar desde tenra idade. É uma mania minha e das pessoas com olhos.
Olá olá meus pequeninos ovos de codorniz com sonhos e ambições, como têm estado? Bem, espero. Se não estiverem bem nesta altura também duvido que alguma vez estejam.
Acho que agora podemos, finalmente, oficializar que a tão mencionada Silly Season terminou. Ainda bem para nós, pessoas que criam conteúdos. Credo que nojo acabei de me meter na mesma caixa que aquelas meninas que vendem amendoins biológicos em bikini numa piscina em Monte Gordo. Deixem-me só mandar o refluxo gástrico de volta para baixo. Não é fácil lidar, preciso de tempo.
O término da Silly Season é positivo para nós, significa que as pessoas voltaram a não ter uma vida interessante e foram obrigadas a virar-se para os nossos conteúdos plásticos. O pior que pode acontecer a um criador de conteúdos é o seu público sair para apanhar sol. É por isso que as férias estão para os influencers como o Inverno está para as pessoas que alugam casas na praia.
Posto isto, aqui vai mais um bocadinho de conteúdo para ocupar a vossa sexta-feira, porque de certeza que não têm mais nada de interessante para fazer a uma sexta-feira que estar a ler um textito de um puto de 21 num jornal.
Cheguei à conclusão que já ando a observar desde tenra idade. É uma mania minha e das pessoas com olhos.
Ultimamente tenho observado *wink wink* que tenho observado intensivamente durante a minha vida toda. E atenção, eu quando observo, observo à séria. Não há cá observações favoritas e menos favoritas. Observo tudo. Pessoas, animais, comportamentos de pessoas, objetos, conversas entre pessoas, conversas entre pessoas sobre pessoas, conversas entre pessoas sobre conversas que tiveram com outras pessoas, roupas, pessoas sem roupas, roupas sem pessoas, gestos, hálitos, tatuagens, pessoas a fazer outras pessoas, etc.
Até aqui, tudo relativamente normal, se aqui o menino quer fazer comédia então é normal que tenha o hábito de observar e analisar. Mas isto não me chegava, precisava de perceber se tinha sido eu a escolher a comédia ou a comédia a escolher-me. O que é que veio primeiro, a observação ou a necessidade de observação para fazer umas piadolas?
Cheguei à conclusão que já ando a observar desde tenra idade. É uma mania minha e das pessoas com olhos. O exemplo perfeito desta minha necessidade de observação e até alguma rebeldia relativamente ao que é normativo passou-se no meu 7º, 8º e 9º ano.
Apercebi-me que já nessa altura eu reparava e questionava os tipos de linguagem que funcionavam mais em grupo. Quem era a pessoa que atraia as outras num determinado grupo e porque é que isso acontecia. Claro que fazia isto de uma maneira mais inocente e até inconsciente, mas já lá estava a sementinha.
E lembro-me de, nessa altura, a minha turma de 7º ano, durante o intervalo ir toda atrás do Nuno, principalmente os rapazes. E isto sempre me fez confusão. Porque é que chegava à hora do intervalo e ficavam todos à porta à espera que o Nuno saísse para poderem oficialmente dar início ao intervalo. Coloco aqui por extenso um emoji a rir para que não pareça tanto que estou a deitar para fora alguma frustração antiga *emoji a rir*.
De volta ao nosso tema, ao mesmo tempo que aquele comportamento de grupo me fazia confusão também me fascinava. Porque é que o Nuno era tão organicamente o líder? Porque é que as pessoas eram atraídas em direção a ele? E lembro-me de dizer – “porque é que vocês vão sempre atrás do Nuno? Vocês deixam de comer o lanche para ir dar voltas à escola com ele. Hoje em dia o Nuno é um drogado e está preso em Cacilhas.
E com isto concluo 2 coisas. A primeira é que, tenho, de facto, levado uma vida de observação desde miúdo, e a segunda, vão ao lanche nos intervalos. Ser um Nuno é bom, mas fora da prisão.
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