Quem já permitiu a si próprio a viagem, demorada, intensa, mas assustadoramente real, do livro Ensaio sobre a Cegueira, sabe do que falo. Conhece a forma acutilante como o autor define um cenário (só) assustador, que na página seguinte já se tornou num lugar de violência, para no próximo capítulo atingir o que de mais desumano conseguimos alcançar: a desregulação completa da regra, a única forma que conheço de evitar o caos social e a anarquia de poderes. A passagem é ténue, quase subtil, se possível vos for anexar conceitos tão leves, à desumanização.