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Felicidade

Sou um mercenário de felicidade

Se temos um sentimento bom ou se só temos a ausência de sentimentos maus. Acho que para a maioria, a resposta não é positiva.

Olá leitor, como tem passado? Está feliz? Sei que faço esta pergunta quase todas as semanas, de uma forma ou de outra, mas hoje ela é particularmente importante. Para os leitores mais atentos, provavelmente já repararam que existem uma ou duas temáticas relativamente recorrentes todas as quartas-feiras. Uma delas é a felicidade. E é precisamente sobre a felicidade que me quero debruçar hoje. A felicidade enquanto estado emocional e todas as outras várias formas que ela toma. 

Como disse, a pergunta que fiz hoje foi diferente. Foi diferente porque hoje quero realmente saber a resposta. Quero saber se é feliz. E antes de partirmos para o resto da crónica, gostaria de lhe pedir que pare durante um momento e pense se é feliz, porque é que é feliz, o que é que o faz feliz, quando é que está feliz, por quanto tempo está feliz, com que frequência, etc.

Coloque o máximo de perguntas possíveis. E envie-me a resposta, quero genuinamente saber. 

Ultimamente tenho-me questionado se somos realmente felizes ou se simplesmente não estamos tristes.

Se temos um sentimento bom ou se só temos a ausência de sentimentos maus.

Acho que para a maioria, a resposta não é positiva. Estamos só adormecidos. Atenção, existem momentos de felicidade, e tenho perfeita noção que a felicidade é precisamente isso, momentos. Mas não é por a felicidade ser momentânea que não pode estar presente no resto do tempo. Pensemos nela quase como paz interior. Não estamos eufóricos mas estamos bem, estamos plenos. E isso anda a faltar. 

E como bom overthinker que sou, não descansei até descobrir o porquê de não sermos felizes e/ou estarmos em paz. E ainda não descobri, e nem sei se alguma vez descobrirei, mas estou no caminho, e isso já é um começo. E apesar de ainda não ter descoberto a pólvora acredito que já consegui chegar a algumas conclusões.

A primeira conclusão a que cheguei foi que, a ideologia pessoal que “escolhemos” para a nossa vida por vezes não é a correta e não nos permite ser felizes. Coloco “escolhemos” entre grandes aspas porque ninguém escolhe a sua ideologia pessoal, é uma decisão inconsciente. Às vezes para nos protegermos, outras para atacarmos. E quando digo ideologia pessoal coloco muita ênfase no pessoal. Por outras palavras, isto da nossa ideologia pessoal pode ser visto como um certo conjunto de características, crenças, qualidades, defeitos, opiniões, por aí fora. Existem pessoas que são muito ligadas à sensibilidade, outras ao pragmatismo, algumas à lógica, outras tantas ao metafísico, à ciência, à religião ou à arte, e por aí fora. 

E a minha ideologia é a do ceticismo, do cinismo, de não acreditar em nada que não possa ser comprovado, da lógica e da razão. Ora, esta ideologia não tem resultado para mim. Certamente existirão pessoas que são felizes a ver o mundo através desta lente, mas eu não sou. Então vou tentar mudar, vou mudar para o quê? Não sei, sou um mercenário de felicidade. Vou mudar para o que me fizer feliz.

Se o que me permitir ser feliz for acreditar em coisas como a lei da atração então vou acreditar na lei da atração. Mesmo que vá contra tudo aquilo que eu tenho aprendido durante a minha vida.

Se o que me permitir ser feliz for acreditar em fantasmas então vou acreditar em fantasmas.

Se o que me permitir ser feliz for continuar a fazer estas crónicas idiotas à Gustavo Santos então assim o farei. Até digo mais, se o que me permitir ser feliz for começar a acreditar em signos, então, vou empurrar para baixo o refluxo de vómito que me está a subir à boca por estar a dizer isto e vou acreditar em signos. Sem medo do ridículo e da contradição.

Vou (tentar) dizer adeus aquilo que me tem construído até hoje, uma vez que claramente não está a resultar e existem fugas de água e canalização deficiente. Depois reconstruo com um cimento de marca branca. Com sorte, pode ser que aguente mais tempo até voltar a cair.

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Bruno Rolo
O meu nome é Bruno Rolo, sou licenciado em Marketing Turístico e a minha principal ocupação é trabalhar como responsável de Marketing e Comunicação. Gosto de comédia e tento sempre incorporá-la na minha escrita, ainda que na maioria das vezes fique pelo tentar.