25 de Abril!
Evocação da Luta contra o Fascismo, defesa do CHEGA, Associações ao 25 de Novembro e elogio das transformações decorrentes do 25 de Abril, e Música, teve de tudo a sessão solene comemorativa do 25 de Abril em Rio Maior.
A sessão solene comemorativa do 25 de Abril, decorreu no cineteatro de Rio Maior, inicialmente sem a presença de Isaura Morais, presidente da Assembleia Municipal.
Depois de Francisco Colaço, declarar aberta a sessão e anunciar a presidência da sessão pelo secretário da Mesa da Assembleia Municipal, Carlos Neto, assumira a presidência interina, o início aconteceu com a entoação do Hino Nacional.
Num palco previamente preparado para a actuação da banda centenária da Vila da Marmeleira, os representantes eleitos, ocuparam os lugares na primeira fila da plateia, logo seguidos dos restantes membros da assembleia, muitíssimo desfalcada, e onde pautaram também a ausência de alguns presidentes de junta.
A primeira intervenção foi a de Maria João Almeida pela CDU, Maria João Almeida, vincou bem o carácter disruptor da revolução de Abril, recusando que fosse uma transição de regimes, mas de permanente combate ao regime fascista. Afirmou ainda a necessidade de cumprir a constituição, nomeadamente na necessidade de criação de regiões administrativas, e na reposição de freguesias que foram suprimidas na reforma administrativa.
Seguiu-se a intervenção de Luís Soares, em representação do PS.
Luís Soares evidenciou que esta comemoração é a primeira a ser festejada com mais tempo de democracia do que a ditadura. Uma das ideias vincadas, foi a de importância da adesão de Portugal a união europeia, e igualmente a invasão da Ucrânia, com a chamada de atenção para o perigo das “fakenews”, e da necessidade de estar atentos a novas emergências de formas de poder ditatorial.
Seguiu-se igualmente a intervenção de Tiago Santos em nome da coligação psd-cds.
Tiago Santos iniciou a sua intervenção chamando atenção ao paralelo entre o cortar de liberdades associados à pandemia, ao facto de a liberdade superar o tempo em ditadura e de com a supressão das liberdades associadas ao confinamento se poder fazer apenas uma ténue ideia do que era viver em ditadura.
A sua intervenção, continuou chamando a atenção para os riscos da normalização do discurso populista, e pela obrigatoriedade de combate às desigualdades sociais, o combate às notícias falsas que é hoje tão ou mais importante que o combate ao analfabetismo que teve lugar logo a seguir ao 25 de Abril.
Terminou evocando o papel das mulheres e da necessidade de valorizar cada vez mais o combate às desigualdades sociais, naquele que foi uma das intervenções mais aplaudidas da tarde.
Antes da intervenção do presidente do executivo, foi Carlos Neto, presidente em exercício, por falta de Isaura Morais, como atrás referido, e que chegaria somente durante a intervenção da Banda da Vila da Marmeleira, começou por solicitar um minuto de silêncio em memória das vitimas da Guerra, e iniciou a intervenção mais truculenta da tarde, começando por afirmar que Portugal é um dos países mais pobre e corruptos da Europa, (corrigido), mostrou a sua indignação pelo PS não ter reunido com o CHEGA, aquando da formação do governo, bem como criticou a PCP pela sua posição em relação à guerra da Ucrânia, pediu no final um esforço que dê esperança nos tempos difíceis que o mundo atravessa.
Encerrou as intervenções o Presidente do executivo municipal, Luís Filipe Santana Dias, que começou por referir “Os dias que vivemos hoje na Europa obrigam-nos a celebrar cada vez mais a data que hoje comemoramos”, numa intervenção curta referiu-se a solidariedade necessária com o povo ucraniano, para de imediato declarar: “O 25 de Abril de 1974, foi o verdadeiro responsável pelo início daquilo que muitos hoje tomamos por garantido. É também por isso, que hoje, amanhã e sempre devemos relembrar, assinalar e agradecer esta data. Para que não se perca nunca, na espuma dos dias, aquele que foi, na nossa história recente, porventura um dos mais, senão o mais importante dos dias na construção da democracia que hoje podemos experienciar.
Hoje, tomamos por garantido o sufrágio universal na eleição daqueles que desejamos que nos representem. Hoje tomamos por garantido o facto de podermos afirmar tudo aquilo em que pensamos, sem receio de represálias ou outras consequências.
Hoje, tomamos por garantido o direito da mulher ao trabalho e a luta por direitos iguais entre sexos.
Hoje tomamos por garantido o poder local democrático, o poder mais próximo de todos aqueles que serve, e o verdadeiro responsável pelo grande desenvolvimento verificado em Portugal nas últimas décadas.”
O direito ao voto livre, o papel das mulheres, e outras conquistas de Abril, estão no dizer do presidente que uma parte dos eleitos pertencem já a uma geração que não vivenciaram os dias da 25 de Abril, pelo que centrou a sua intervenção nos dias de hoje, dizendo perceber uma referência à frase que “não raramente ouvimos” de que precisamos de outro 25 de Abril.
No pensar de Luís Filipe Santana Dias, “…percebo esta forma insatisfeita de viver em sociedade, quando ao comum dos cidadãos exigimos uma contribuição fiscal avultadíssima, a troco de uma mão cheia de nada. Quando acenamos com serviços de saúde universais e de qualidade, mas depois lhes vedamos o acesso com listas de espera intermináveis.
Percebo esta forma de estar, quando permitimos que seja transmitida a ideia de um sistema judicial para ricos e outro para pobres.
Percebo esta forma de estar quando encravamos o elevador social, a todos aqueles que apesar do seu mérito, não conseguem conquistar para si uma melhor condição de vida. Percebo esta forma de estar em sociedade, quando permitimos que as gerações melhor preparadas da nossa história, não tenham outra saída senão procurar uma melhor oportunidade de vida fora do país que os viu nascer. É por isto minhas amigas e meus amigos, é por isto que compreendo esta insatisfação, esta incompreensão, ao fim ao cabo esta desilusão com este inacabado resultado dos nossos processos revolucionários.”
Finalizou a sua intervenção solicitando uma importância igual ao 25 de Abril para o 25 de Novembro: “E é com este distanciamento emocional que consigo, obviamente, reconhecer e agradecer as grandes conquistas de Abril. A tal estou moralmente obrigado, quanto mais não seja pelo cargo que tenho a honra e orgulho de desempenhar.
E reconhecer as conquistas de Abril e o processo que lhe sucedeu garante também a obrigatoriedade de reconhecer e agradecer as conquistas do 25 de Novembro de 1975.” E ressaltou a importância de Rio Maior, no 25 de Novembro : “O Municipio de Rio Maior recusar-se-á a celebrar apenas Abril de 74, porque fazê-lo seria sonegar uma importante parte da nossa história comum. Celebrar Abril de 74 e Novembro de 75 é uma obrigação e deverá ser um prazer para todos aqueles que defendem a verdadeira democracia.”
Seguiu-se uma brilhante actuação da Banda Filarmónica da Vila da Marmeleira, que encantou todos os presentes, com todas as peças fortemente aplaudidas e que passaram por uma rapsódia evocativas das músicas de Zeca Afonso, pela Grândola Vila Morena, entre outros arranjos, sempre magistgralmente regidas pelo maestro Acácio Silva.
Já no exterior do Cineteatro o RMJORNAL ouviu as declarações do Maestro, que se regozijou por poder actuar num dia tão significativo para o país e para os portugueses. Salientou os “estragos” que a pandemia deixou em todas as filarmónicas, especialmente pelo cancelamento das festividades populares, e que vai ainda demorar a recuperar, esperando ainda convites para actuações no verão deste ano.
Agradeceu o esforço que as entidades que apoiam a banda filarmónica da vila da marmeleira, nomeadamente a direcção e a Câmara Municipal de Rio maior esperando poder continuar a contar com as subvenções que permitam a aquisição de instrumentos de qualidade, cujo preço é sempre muito caro.
Viva o 25 de Abril, que permite que a imprensa possa dar esta notícia sem necessidade de revisão da censura e onde o leitor pode (e deve) comentar esta notícia.
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Acerca da peça jornalística sobre a sessão solene do 25 de Abril, entendo fazer o seguinte esclarecimento.
A minha intervenção foi factual. Eu enquanto social democrata convicto e militante não defendo outra força política para além do PSD. Todavia , dois dos valores que defendo, enquanto cidadão são : a liberdade e a democracia . Não podemos defender estes valores quando nos dá jeito e esquecê-los quando não dá. Democracia é podermos falar o que pensamos e por outro lado ter o dever de ouvir o que outros pensam, quando a linha do respeito mútuo é ultrapassada, aí cabe á justiça resolver o que é da justiça .
A atitude do 1.º ministro para além de pouco democrata, da força a partidos políticos cuja génese é o populismo e extremismo.
Do Senhor Secretário da Assembleia Municipal, Carlos Neto e que conforme noticiámos presidiu à sessão solene comemorativa do 25 de Abril, recebemos uma amável chamada de atenção, onde corrigia que o que disse sobre a corrupção foi “um dos países mais pobres e corruptos da Europa” não contestamos que pudéssemos ter errado neste ponto, pese embora as nossas notas da altura tivessem, provavelmente erradamente o que inicialmente transcrevemos.
De igual modo, disse-nos Carlos Neto que o que referiu foi “… um governo que fala com todos menos com um… que democracia é esta? e que em algum momento defendo ou defendi o CHEGA.”
Ora neste ponto não acompanhamos a ressalva, já que esta é uma clara referência, ao partido CHEGA por não ter sido ouvido na formação do governo, que foi aliás completada com a afirmação que de que este acto é um completo desrespeito por 400 mil eleitores (que foram os votantes no CHEGA), desta forma e num perfeito exercício de interpretação do discurso político, é nossa interpretação que isto constitui uma posição que coincide em absoluto com a reclamação que aquele partido manifestou amplamente na comunicação social.
Por último o RMJORNAL, regista o facto de sermos lidos e podermos ser interpretados de modos diferentes, mas as notícia espelha sempre a visão o mais objectiva possível dos factos.