Minedu Sem Rede !
Bem, se a intenção era deixarem-me de mau humor no feriado, conseguiram!
Normalmente, quando acordo, consulto as páginas da Visão e do Expresso para ficar com uma ideia geral de notícias que estejam a marcar o dia. A primeira notícia que vejo é sobre os exames nacionais e o digital. Quem toma estas decisões despropositadas, ainda não percebeu que os jovens não gostam do digital nas escolas. ‘’Mas o Joãozinho tem 7 anos e gosta muito!’’ – claro que gosta, é mais uma forma de estar agarrado ao aparelho que lhe tiram em casa por excesso de uso. Se alunos do ensino secundário compram manuais em papel, mesmo tendo as assinaturas digitais, qual é a parte que ainda não perceberam? Sou aluno pré-universitário e não consigo tolerar estas imposições que são feitas ao sistema. Se me tivesse sido solicitado o uso do digital, seria o primeiro a recusar.
Os estudos dizem-nos que se lê cada vez menos, que se escreve pior, que existem mais dificuldades na análise textual. Não seria de esperar o desenvolvimento inicial destas aprendizagens (verdadeiramente) essenciais e só depois a procura pelo desenvolvimento tecnológico do sistema. Há uns dias, em conversa com um aluno que tem nível 5 a todas as disciplinas do currículo, no 9.º ano de escolaridade, perguntei-lhe o grau de parentesco do encarregado de educação e obtive a seguinte resposta: ‘’9.º ano’’. Voltei a fazer a pergunta e a resposta foi a mesma. Caminhamos para o ridículo!
E agora, se já não bastasse, vêm fazer uma experiência! Para variar, nem sequer sabem os moldes, isto é, quais as disciplinas e alunos que serão o “ratinho de laboratório”, mas é público que será em 2024 e que vai abranger o secundário. Segundo a notícia, será um «projeto-piloto aplicado a duas ou três disciplinas», mas «serão duas ou três que não tenham nem muito poucos nem muitos alunos inscritos». Que bonito!
Não quero ser do contra, no entanto, mais uma vez, quem vai pagar uma moeda cara são os alunos de Línguas e Humanidades e de Artes Visuais. Se ficam excluídas 4 disciplinas do percurso curricular de Ciências e Tecnologias, porque são as que têm mais inscritos (Português, Matemática A, Biologia e Geologia ou FQA), não me admira que História A ou Geografia A sejam as sacrificadas. Imaginem o caso de Desenho A ou Geometria Descritiva… teria a sua graça!
Entretanto, depois de ler o artigo, leio os comentários propostos nas redes sociais! Entre os demais, surge uma mãe revoltada: «O meu filho está no 2.º ano e vai fazer o exame no computador. Devia ser igual para todos. Coitado do menino!». Coitado? Exame? Só se for médico. Mas desde quando é que podemos comparar uma Prova de Aferição (que só vem dar mais trabalho aos professores) com a complexidade e exigência de um Exame Final Nacional que terá um peso imenso na média para ingressar no Ensino Superior em 2024!
Enfim, só tenho mais uma pergunta. Se nem uma reunião online consigo ter conectada ao Minedu, como pensam fazer isto? Já sei, desperdiçando mais uns milhares, na busca incessante de ser a Finlândia. Vocês conseguem, mais não seja feita de pladur!
Com esta me despeço, não querendo ser encarado como negacionista, mas sim como alguém realista, que tem consideração pelos profissionais da educação e jovens deste país.
N.R. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações da Direção do RMJornal
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