OPINIÃO – Por José Pinto
Enquanto do outro lado do Atlântico o populismo socioeconómico se assume como o salvador da democracia, uma falácia que a captura do poder não conseguirá manter ad eternum, neste país à beira mar plantado há muito a fazer para que não se transforme no pântano de que falava – e se apressou a sair – o atual Secretário-Geral da ONU.
Quando, na mesma altura, o Parlamento aprova a audição ao MNE, Gomes Cravinho, no âmbito da operação “Tempestade Perfeita”, procede à audição da presidente da TAP, devido ao processo que se prende com a obscena indemnização recebida por Alexandra Reis, e ouve a Ministra da Agricultura sobre a polémica que se prende com a fugaz passagem de Carla Alves pelo Governo, há duas leitura possíveis e que convirá cruzar.
A primeira aponta para o normal funcionamento das instituições, com o poder legislativo a pedir contas ao poder executivo pela gestão da res pública.
A segunda evidencia o descontrolo de um governo que dispõe de condições para um mandato marcado pela estabilidade, malgrado a conjuntura externa ser periclitante.
Talvez não seja abusivo afirmar que não será com medidas avulsas, como o apressado questionário para pré-seleção dos membros do governo, que será possível salvar a esperança e evitar o crescimento exponencial do populismo antissistema, com a consequente erosão do regime democrático.
Têm a palavra os órgãos de soberania. Enquanto é tempo.
Como aprendi com o Mestre, o tempo não perdoa que o percam. A democracia agradece.