POPULISMO
“Afinal, a vida do Homem é demasiado complexa para ser codificada nas leis exatas e universais que regulam o mundo inanimado e, por isso, a ciência natural do governo – aquela que garantiria a generosa satisfação dos desejos humanos – não passou de uma ilusão.” Esta é uma citação na Introdução do livro, Populismo e Democracia, do meu amigo José Filipe Pinto.
N.R. Por motivos imprevistos o último artigo do nosso ilustre colaborador João Teodoro Miguel, não pode ser publicado em data que não colidisse com a lei eleitoral. Com as devidas desculpas ao João Teodoro Miguel, e porque estes escritos não deixam de ter sempre actualidade, publicamos hoje o artigo que deve ser lido com as devidas adaptações por parte do leitor.
No próximo domingo é dia de eleições legislativas. Cabe-nos a nós fazer a escolha de quem nos governa e representa. Na verdade, não existe movimento ou partido político que esteja completamente livre de populismo. No entanto, o aparecimento e a proliferação de movimentos e de partidos de cariz populista, surgem em conjunturas de agitação, quer decorrente da procura de preeminência por parte das elites políticas, quer do não contentamento generalizado das reivindicações populares. Nestas circunstâncias, as condições para o aparecimento do populismo são um rastilho perigoso.
José Filipe Pinto, afirma, que em condições normais, o descrédito da elite governante facilita o surgimento de uma elite alternativa, no entanto, mudam os protagonistas, mas o sistema permanece igual.
Como o populismo consubstancia uma situação de oposição ou de antagonismo entre o povo e a elite governante, o líder populista aproveita a suas intervenções para ser carismático, com a argumentação de ser ele, que escuta e representa o povo. Os ataques à classe política tradicional são executados com agressividade, levando, parte do eleitorado a concordar com o discurso do líder populista.
Na realidade, o populismo, na sua supremacia, precisa de encontrar culpados e não se satisfaz com a denúncia da incompetência das elites governantes. Mas, o perigo do populismo é bem real. Os governos populistas levam o Estado a controlar, todas as formas de oposição democrática, exercem a repressão sobre o povo e, determinam a ordem de pensamento único.
Aliás, o populismo como preenchimento de um espaço deixado vazio pelo deficiente desempenho dos partidos tradicionais, aproveita esse vazio, para implementar as suas políticas totalitárias. Não nos podemos esquecer do caso alemão e de Hitler.
Dia 30 devemos todos de exercer o nosso ato de cidadania. Tendo em conta, no essencial, o sentimento comunitário de pertença, considerando também, os candidatos que mais respeitem a ética pública e que melhores ofertas deliberativas ofereçam ao longo do mandato. As questões determinantes para a sociedade: uma política fiscal justa e equilibrada, um Estado social eficiente e controlado, os serviços do Estado mais eficientes e fiscalizados, uma política na justiça mais eficaz. Não esquecendo a nossa posição sobre a União Europeia.
Votem bem, votem em consciência.
Domingo lá estarei com o meu voto.
João Teodoro Miguel escreve às quintas feiras no Rio Maior Jornal
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