Início>Atualidade>Poesia em Santarém, homenagem a Eugénio de Andrade
Poesia

Poesia em Santarém, homenagem a Eugénio de Andrade

ESTENDAL DE POESIA

Tertúlia em homenagem a Eugénio de Andrade

O Círculo Cultural Scalabitano, realizou uma tertúlia subordinada ao tema “Estendal de Poemas”, alusiva à comemoração dos 100 anos de Eugénio de Andrade (nascimento em 1923), no sábado, 3 de junho, pelas 21h30, na sua sede na Rua Maestro Luís Silveira, em Santarém.

Joana Abreu, Constança Frade, Rodrigo Ferreira e Daniela Justino foram os artistas em palco, apresentando uma sessão de declamação de poesia com música e momentos de dança contemporânea, até porque a obra poética de Eugénio de Andrade é, nas palavras de Saramago, essencialmente lírica, “como uma poesia do corpo a que chega mediante uma depuração contínua”, o que a predispõe para uma apresentação não só literária mas também física, com a expressão corporal.

O ambiente de tertúlia estava marcado por agradáveis detalhes, nomeadamente a disposição de pequenas mesas redondas para o público, fornecidas com chá e biscoitos e enfeitadas com um ramo de flores silvestres.

Alguns dos poemas declamados estavam escritos toscamente à mão com letras grandes, em folhas de cartolina penduradas numa corda de estendal, de forma simbólica, lembrando a simplicidade dos temas da poesia de Eugénio de Andrade e até a época dos Santos Populares que agora começa.

Uma bonita homenagem a Eugénio de Andrade, um dos autores portugueses mais lido em todo o mundo, bastante contemporâneo, uma vez que faleceu apenas em 2005 e a sua poesia, fruto de uma escrita iniciada desde muito cedo e de conhecimentos adquiridos em viagens, contatos com diferentes autores e pensadores e da expressão de sentimentos universais, é sempre atual e muitos poemas refletem os sentimentos e anseios da adolescência.

A atuação dos artistas foi muito agradável, com bastante entrega, quer na declamação como na dança.

A obra poética Eugénio de Andrade é muito vasta, e muitos foram os poemas declamados, entre os quais “As frágeis Hastes”, “Retrato Ardente” e “Juventude”.

Faltou apenas o público, que era escasso. Outras iniciativas culturais estavam a decorrer na cidade, como uma peça de teatro e o certame da Feira da Gastronomia, mas valeu a pena. Fica o desafio para realizarem mais sessões desta mesma tertúlia.

Esta iniciativa foi inteiramente organizada e protagonizada pelas estagiárias do Círculo Cultural Scalabitano, Constança Frade e Joana Abreu, alunas do curso de Artes do Espetáculo da Escola Dr. Ginestal Machado, do 11º ano, por sugestão da orientadora de estágio, Fernanda Narciso, que convidaram dois amigos, também estudantes de Artes, para realizarem este evento cultural.

O estágio decorre sob a direção do Prof. Eliseu Raimundo com orientação de Fernanda Narciso e esta tertúlia integra-se na Temporada da Primavera 2023 do Círculo Cultural Scalabitano.

JOVENS ARTISTAS – SONHADORES BATALHADORES

O Rio Maior Jornal conversou com este grupo de jovens talentoso e bastante empenhado, para conhecer melhor o objetivo desta tertúlia, inserida no estágio de curso do 11º ano e um pouco sobre as suas motivações de cada um para se dedicarem às expressões artísticas.

“Isto foi uma ideia lançada pela nossa monitora de estágio “, declarou Joana Abreu, 17 anos, “Desde pequena que o meio do espetáculo me fascina, em todas as vertentes. Vim para o curso de Artes e descobri que é isto que quero fazer na minha vida”.

“Vim para o curso de artes porque o teatro é a minha paixão desde pequena”, afirmou Constança Frade, também com 17 anos, verdadeiramente feliz por poder explorar a arte dramática. Além de ter declamado poesia também participou nos momentos de ballet contemporâneo, enquanto ouvíamos poesia de Eugénio de Andrade.

“Foi uma coisa bastante louca!”, exultou Rodrigo Ferreira,16 anos, no final da atuação. “Eu estou a estagiar noutra área, ligada à biblioteca, com uma colega, Filipa Simões, e estamos a desenvolver um projeto que se chama “Contos na Arca”, dirigido a crianças, que iniciou no dia 1 de junho. Apesar disso, aceitei o convite para colaborar nesta iniciativa. Foi tudo ao mesmo tempo”.

Rodrigo acrescentou que quando entrou para o curso de Artes não pretendia, de todo, ser ator, ou pelo menos achava que não. “Queria ser apresentador. Contudo as experiências que tenho tido no curso, fizeram-me ganha o bichinho da representação”.

“Eu frequento a Escola superior de Dança”, declarou Daniela Justino, 23 anos. Faz ballet contemporâneo há muitos anos e, não sendo colega de turma dos restantes membros do grupo que realizou esta agradável tertúlia, tem na dança a sua maior paixão. “Falta um ano para acabar o curso e espero que haja muitas oportunidades para pisar o palco, depois disso”, revelou com modesta ambição.

O espetáculo terminou, mas ficou a doce sensação dos momentos bem passados a ouvir poesia musicada e a apreciar dança contemporânea. Sobretudo ficou, também, a esperança nestes jovens com talento, mas também humildade, que se dedicam com seriedade à arte, nas suas diversas vertentes, enriquecendo a sua experiência cultural, mas também a do público.

Não podemos esquecer que esta mesma turma do curso de Artes do Espetáculo, da Escola Dr. Ginestal Machado, já levou a cabo, entre outras atividades, duas peças de teatro bastante complexas e muito bem dramatizadas e encenadas, nomeadamente, “As Cigarras Septedecim e Tredecim”, um texto de Afonso Cruz e “Noite de Guerra no Museu do Prado”, peça de Rafael Alberti, encenadas pelo professor Luís Mouzinho.

Ficamos à espera de novos projetos durante e depois do curso de Artes do Espetáculo.

Catarina Abreu
Licenciada em Jornalismo, escritora, formadora de escrita criativa, administrativa na função Pública, residente em Rio Maior e membro da Cooperativa Alma Maior.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.