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Usar óculos de sol em discotecas

Refiro-me especificamente ao uso de óculos de sol em discotecas. Sítio conhecido precisamente pela falta de sol e pela democratização de herpes.

Bom dia estimado leitor, conseguiu sobreviver a esta semana? Olhe que não foi fácil. É verdade que ainda existem guerras e cenas, o que é sempre chato. Mas a esse desconforto para principiantes já estamos habituados e até certo ponto, imunes. Mas o que se passou esta semana puxou os limites de tolerância de qualquer pessoa até a um ponto absurdo. Então, afinal o chefão da Prozis é mauzinho e merece levar dói dói? E a Anitta mostrou uma bandeira de Espanha durante uma atuação… EM PLENO SOLO PORTUGUÊS? É nestas coisas que uma pessoa vê que o mundo está perdido.

E no meio desta agitação toda ainda havia meia dúzia de macacos a tentar chamar a atenção para outras polémicas. “Ilegalizaram o aborto nos Estados Unidos da América” – diziam eles. Palermas, isso nem é cá, como é que pode ser tão importante como o Rock In Rio? Aliás, não só não é cá, como é noutro continente do outro lado do oceano. E a única coisa que vale a pena falar do outro lado oceano é a Anitta. Enfim. 

Seguindo agora para a parte em que escrevo sem um palito na boca. 

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Tenho reparado numa tendência juvenil que é, no mínimo, caricata. “Os putos andam outra vez a comer sabonetes?” – questiona o leitor e com toda a razão. Que eu saiba, não é essa a moda estranha, ainda. 

Refiro-me especificamente ao uso de óculos de sol em discotecas. Sítio conhecido precisamente pela falta de sol e pela democratização de herpes. Jovens, o que é isto? Bem sei que existem luzes fortes e que certas pessoas têm as capacidades motoras para dançar de uma mesa de matraquilhos. Mas daí a meter óculos escuros para bloquear a visão parece-me exagerado. 

Ao início ainda me questionei se podiam simplesmente ser pessoas com sensibilidade ocular elevada, por causa das horas passadas em frente a ecrãs ou assim. Mas depois comecei a olhar com mais atenção e reparei que, nas lentes, estavam escritos poemas tão profundos como “kiss me”, “fuck me” e “follow me”. Naturalmente, parei uns segundos para me recompor e limpar as lágrimas depois de ler esta poesia urbana e começaram-me a surgir questões. Demasiadas questões. Questões para as quais eu só conseguia sonhar com as respostas. 

Partilho algumas consigo. Com quanto tempo de antecedência compram os óculos? Vão no próprio dia ou semanas antes? Chegam sequer a comprá-los ou levam de casa? Caso comprem, qual o critério de decisão? Os mais baratos? Os mais escuros? E se a pessoa que está a usar estes óculos me está a fazer um convite tão direto como é que eu a informo da minha resposta? Posso simplesmente aproximar-me e dizer “não quero, obrigado”, mas não sei se será a melhor abordagem.  

E podemos todos concordar que chegar a casa ainda com os óculos é sinal que a noite correu mal, certo? É como chegar sozinho. Se tantas vezes se perdem virgindades na noite acredito que perder uns óculos é tão certo como o Gabriel do 10ºC vomitar a vodka preta que bebeu atrás do tribunal. O mais giro disto tudo é que se fosse há uns anos, muito provavelmente eu ou ia ser o gajo que tava com os óculos de sol ou o Gabriel.

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Bruno Rolo
O meu nome é Bruno Rolo, sou licenciado em Marketing Turístico e a minha principal ocupação é trabalhar como responsável de Marketing e Comunicação. Gosto de comédia e tento sempre incorporá-la na minha escrita, ainda que na maioria das vezes fique pelo tentar.