Um Referendo Ao Orçamento do Estado
Estas últimas eleições foram um referendo, ao chumbo do Orçamento de Estado para 2022, por parte da oposição parlamentar ao governo de António Costa.
Tal facto, veio alterar por completo o novo quadro parlamentar e, dar uma maioria absoluta ao partido socialista e um conforto político a António Costa. Esta viragem, dá início a um terceiro mandato que poderá tornar Costa no primeiro-ministro com mais tempo no cargo na democracia.
António Costa, disse no seu discurso de vitória que: “maioria absoluta não é poder absoluto”. Aliás, o PS tem agora o caminho livre para governar a legislatura de quatro anos, com 117 dos 230 deputados eleitos, quando ainda faltam eleger os 4 deputados oriundos do estrangeiro, que historicamente, em que o PS costuma eleger 2 deputados.
PUNIÇÃO AO RESTO DA ESQUERDA
A maioria conseguida pelo PS, aniquilou o resto da esquerda, esta, foi castigada das urnas: o Bloco de Esquerda passa de 19 representantes, a 5 lugares parlamentares. Quanto ao PCP/CDU, os comunistas, que tinham 10 parlamentares, ficam agora com 6, perdendo os seus parceiros de coligação, os Verdes, que não conseguem representação. A punição destas enormes perdas à esquerda, é o castigo do eleitorado pela não aprovação do Orçamento de Estado.
Nesta tão arrasadora perda da esquerda, o Livre, representado por Rui Tavares, teve o mérito de conseguir manter o seu lugar de deputado e manter assim a sua representação. As eleições de 30 de janeiro confirmaram o que Costa tem estado a defender desde novembro, “o eleitorado penaliza os partidos que abrem crises políticas”. Por sua vez os seus antigos parceiros da geringonça que qualificavam Costa de “chantagem” política, viram após o ato eleitoral que cometeram um erro estratégico. Estas eleições antecipadas, foram forçadas pelo chumbo do Orçamento para 2022, onde Bloco e Comunistas votaram contra, o que gerou uma instabilidade política em plena pandemia que ninguém esperava.
Este chumbo do Orçamento, troou-se-nos também o crescimento do partido de extrema-direita, o Chega. Levando este partido populista ao terceiro lugar dos mais votados e, a alcançar, nas eleições legislativas de domingo, 7,15% de votos e conquistando 12 deputados — em comparação com os 1,29% registados em 2019 e a eleição de um único representante.
Politólogos consideram que o crescimento do partido levanta um “tabu” na sociedade portuguesa. O Chega, irá extremar comportamentos e retórica na sociedade, com ideias xenófobas, podendo também influenciar o espaço da direita, com partidos como o PSD a precisarem do seu apoio para formar Governo.
António Costa tem agora a sua legitimidade reforçada, para conduzir Portugal no caminho da recuperação. Reduzir as desigualdades sociais, aproveitar para ultrapassar os problemas gerados pela pandemia covid, implementar medidas alicerçadas no bom aproveitamento dos fundos do PRR, assumir todos os desafios que Portugal espera para os próximos quatro anos, seguindo as linhas mestras contempladas no Orçamento de 2022, que já tem preparado e será apresentado ao novo parlamento oportunamente.
João Teodoro Miguel escreve às quintas feiras no Rio Maior Jornal
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