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O Parlamento e o novo quadro político

O Parlamento e o novo quadro político

Escrevo este texto, no dia em que tomam posse, os deputados eleitos para esta nova legislatura parlamentar. Vou tentar neste pequeno escrito, deixar algumas notas baseadas numa breve análise.

Pode-se afirmar com propriedade, que a esquerda teve uma pesada derrota, sendo o PS, o epicentro da derrocada. A, AD, fez tudo para ir a votos, com o intuito de reforçar a sua bancada parlamentar. Tinha 80 deputados, ganhou mais 9, ficando com 89, insuficientes para uma governação tranquila.

O novo governo ainda não tomou posse, o Primeiro Ministro, terá neste primeiro tempo de legislatura a vida um pouco facilitada, não obstante, num futuro mais próximo vai começar a ter as dificuldades e dores de cabeça, inerentes, à tomada de decisões e de governação.

Vai ser interessante ver a disputa de liderança da oposição. Pois, André Ventura, presidente do Chega, reclama para si essa liderança, por ter mais 2 deputados. Enquanto, José Luís Carneiro, desafia essa disputa de liderança porque o Partido Socialista obteve mais 48.812 votos nas urnas.

Assim, o Chega ao ter mais 2 deputados, vai ser o primeiro partido a interpelar o Governo. O que deixa o PS, numa posição subalterna na interpelação governativa. O, PS, tenta arrumar a sua casa e eleger uma nova liderança. André Ventura, vai lutar e exigir ser a segunda força política, pois essa posição possibilita-lhe a aproximação ao sistema político, ou ainda mais importante, questionar esse mesmo sistema. Na sua cabeça já lhe paira a ideia de ser o próximo Primeiro Ministro de Portugal.

O líder do Chega, entende que ainda tem campo para crescer muito mais, e que, para isso, ser o líder da oposição e mostrar, que o PSD e o PS, são parceiros contra o Chega, que se assume como o partido da transparência e de todas as soluções para salvar Portugal. Faço notar, que estes delírios conseguem alcançar os objetivos pretendidos, pois são levados ao colo por uma grande parte de jornalistas e empresas de comunicação, que almejam serem líderes de audiências nos seus setores.

Agora, andando um pouco para trás. A pergunta: “o que tem levado os partidos do centro-esquerda e centro-direita a perder votos e importância política?”. Em resposta a esta pergunta, apraz-me dizer o seguinte: tanto PSD, como o PS, estão fechados na suas “Quintas”. Ao longo dos anos, os “jotinhas” foram amadurecendo e tomando conta das estruturas partidárias, sem terem amadurecido nas dificultes da vida e das empresas. Penso que no caso do PS, um dos fatores da crise instalada, é a sua identidade, estar desfasada da realidade contemporânea da nossa sociedade, de não vir à rua ouvir as pessoas, de serem também pessoas. A forma como selecionam a classe dirigente e os candidatos a cargos representativos também é outro absurdo.

Quando aparece alguém qualificado e com provas dadas na vida genuína, que se disponha a ser Líder destes partidos, que tenha sentido de Estado e de Servir o País, trazendo ideias de renovação, de inovação, de reformas na justiça que simplifiquem o funcionamento do país e das instituições, essas pessoas acabam por não se envolver e meter na política, porque são trituradas pelas próprias estruturas oligarcas partidárias. 

Estou há vontade porque não sou filiado em qualquer partido político. Mas, dando um exemplo do que aconteceu ao Dr. Rui Rio, quando foi líder do PSD. Propôs ao líder do PS, António Costa, algumas reformas para o país. Este, recusou as propostas porque tinha era de tratar do seu “Quintal”. Rui Rio, saiu pela porta dos fundos do PSD, foi macerado dentro do seu partido. 

Talvez me engane, porque até simpatizo com o Dr. José Luís Carneiro, tudo indica que será o novo secretário-geral do PS, desejo-lhe que possa desenvolver um bom trabalho na liderança do Partido Socialista. Mas, também desconfio que quando o PS, estiver mais estabilizado, internamente, a estrutura do partido vai despachá-lo a grande velocidade.

Tenho de dizer que Portugal merecia melhores políticos.

Rio Maior, 3 de junho de 2025

João Teodoro Miguel

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João Teodoro Miguel
João Teodoro Miguel, é natural de Rio Maior. Foi empresário até 2008. Teve uma breve passagem pela política como independente. É Mestre em Economia, Políticas e Culturas. Pós-graduado em Gestão e Organização Industrial. Diplomado no Programa Avançado de Economia e Gestão de Empresas de Serviços de Águas. Foi investigador na Universidade Lusófona. Atualmente é reformado.

One thought on “O Parlamento e o novo quadro político

  1. O que tem levado os partidos do centro-esquerda e centro-direita a perder votos e importância política?
    O alheamento das populações é um facto. As direções partidárias avançam com candidatos nos quais as populações não se revem e, no entanto, dão-lhes o seu voto! Surpreendente, certo?
    Quanto ao quadro resultante do último ato eleitoral, não penso que ele traduza manifestação de algum descontentamento com a realidade. Aliás, ele parte do empolamento de factos inexistentes (como por exemplo a insegurança). Se aquilo em que o partido que ascendeu causasse alguma preocupação aos respetivos eleitores, como entender a eleição de pessoas absolutamente desclassificadas, arruaceiras, muitas delas com problemas com a justiça, seja por questões de natureza cível, seja criminal? Alguém acredita que estes eleitores estejam preocupados com a corrupção (que, aliás, também não é aquilo que apregoam)?
    O problema, do meu ponto de vista, reside, desde logo no falhanço do sistema educativo. Muito embora seja de louvar a massificação da escola, o certo é que se vem aplaudindo, desde há anos, um facilitismo conducente a que os jovens adquiram diplomas sem sequer saberem ler e, muito menos, interpretar um texto. Destas camadas não se espera qualquer sentido crítico. Daí que não surpreenda que acreditem em tudo o que veem nas redes sociais e que acreditem em promessas vãs.
    Também temos que assumir que há uma elevada franja de eleitores que, sem problemas de consciência, aplaudem o fascismo. Daí gritarem por uma mudança de regime. Essas pessoas encontraram agora um lugar onde podem, sem escrúpulos, dar azo à sua preferência. Um conjunto de gente mal formada e sem respeito pelo ser humano. Gente sem memória (emigrantes a votar contra a imigração!)!
    Neste cenário, estou curiosa para ver quem nos vai governar localmente…

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