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Não há nada de smart num smartwatch

Quem compra smartwatches, é smart ou dumb?

O mundo já foi testemunha de muita moda boba, de muita tendência pateta e de muitos costumes risíveis, mas nenhum deles o é tanto como os proprietários de smartwatches

Quem são estas pessoas que, sendo já proprietárias de um smartphone, sentem necessidade de comprar um smartwatch para emparelhar com o smartphone para que depois possam voltar a aceder ao smartwatch que desempenha exatamente as mesmas funções que esse mesmo smartphone só por dizer que é mais pequeno, compacto e custa mais a ler as letras pequeninas. Isto é como ter uma televisão e comprar uma televisão em miniatura só para andar com ela no nosso bolso e podermos ver o que quisermos, quando quisermos. Oh, mas espera, isso já existe, chama-se telemóvel! E é mais que suficiente. Para quê continuar com esta matrioska de dispositivos móveis? O que é que se segue, um anel que nos diz quantas calorias queimamos a jogar ao pedra, papel ou tesoura? 

Ou será que estes espécimes o fazem pela procura de dinamismo na sua vida? Atender o telemóvel como uma pessoa normal já não os satisfaz, precisam de parecer o James Bond a falar para um relógio enquanto mandam vir um arroz de cabidela da Glovo

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Mas no fundo, estes pequenos génios é que estão bem. Os tempos mudam e as pessoas têm de mudar com eles. Vou continuar a atender chamadas com o telemóvel? Mas sou algum homem das cavernas? 

O que seria eu fazer o movimento incrivelmente hercúleo de ir com a mão ao bolso sempre que quero usar o telemóvel. É tão século passado. Eu sou uma pessoa moderna e o aparelho que eu uso para dar conta da passagem do tempo tem de representar isso, obviamente. 

Por este andar, no futuro nem nos vamos dignar a falar. Pensamos no que queremos dizer, e um chip qualquer instalado no nosso cérebro, transmite essa informação a uma coluna, que por sua vez está instalada na nossa testa e expele a frase que queremos dizer.

Isto são pessoas que claramente gostam de ser do contra e romper com os padrões normativos da sociedade. Enquanto nós, as ovelhas, vemos as horas no relógio e fazemos chamadas no telemóvel, estes artistas atendem chamadas com o relógio e vêem as horas no telemóvel. 

Ainda dizem que a religião está a morrer. Não está meus amigos, está viva e em boa forma, tomou foi outros contornos. Pessoas que usam smartwatches são religiosas, sim, mas em vez de andarem com uma cruz ao pescoço andam com ela no pulso. E o mais giro é que esta religião, tal como todas as outras, também termina em “ismo”, mas, à semelhança do terramoto de 1755, começa na capital. 

Admito que invejo a confiança destes indivíduos que empunham orgulhosamente o seu relógio inteligente, um claro sinal de que o relógio é a única coisa inteligente ali. E normalmente, são sempre pessoas já muito conectadas à tecnologia. Perceberam? Conectadas? Giro. O que até faz sentido, era um bocado estranho um hipster que faz a barba com a faca do pão querer adquirir um smartwatch para lhe contar os batimentos cardíacos. 

Em jeito de birra, concluo apelando ao bom-senso de quem lê, isto se o bom-senso não for também ele coisa do passado. Peço para que reflitamos sobre se realmente precisamos de metade das coisas que compramos. Vão ver que com o dinheiro que pouparem vão poder comprar um smartwatch. 

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Bruno Rolo
O meu nome é Bruno Rolo, sou licenciado em Marketing Turístico e a minha principal ocupação é trabalhar como responsável de Marketing e Comunicação. Gosto de comédia e tento sempre incorporá-la na minha escrita, ainda que na maioria das vezes fique pelo tentar.