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Listas das Escolas Secundárias

Eu achava que ia literalmente mudar a planta da cidade na mesma semana em que organizava um torneio de flexões atrás do pavilhão.

Olá olá querido leitor, a quantas anda? Espero que dentro do limite de velocidade eheh #humor. Hoje, antes de qualquer coisa, acho importante assinalar que esta é a crónica número 25, um número demasiado redondinho para não lhe dizer qualquer coisa de bonito. E uma vez que agora só voltamos a festejar no número 50 achei por bem mandar um mini-confeti e beber uma tampinha de Eristoff. Aconselho o leitor a fazer o mesmo, já que qualquer coisa hoje em dia é desculpa para festejar e abrir uma garrafa de vinho branco. Vá, nunca vos pedi nada. Depois mandem fotos para o jornal a beber a tampinha ou o copinho. 

Passado este momento à micro-influenciador destinado a criar engagement bacoco podemos finalmente passar ao busílis do que me trouxe aqui hoje. 

*Inserir sinónimo da palavra “hoje” para não estar a repetir a mesma palavra duas vezes seguidas* venho aqui mandar umas larachas sobre as listas concorrentes às associações de estudantes das escolas secundárias. 

Creio que estes eventos anuais dispensam apresentações. Já toda a gente teve contacto com estas listas em algum ponto da sua vida, seja diretamente ou, para os mais sortudos, indiretamente. Seja porque tem um estabelecimento comercial e todos os anos por volta de setembro entram dois putos com uma carta enfiada num envelope amarrotado a pedir um patrocínio, seja por ter um filho ou um neto que integrou uma lista, seja por ter passado ao pé de uma secundária e de repente olhou e viu um concerto do Plutónio em cima de um estrado de madeira e uma ex-moranguita a tirar fotos com um T gigante feito de papel de alumínio. 

E aqui, confesso-vos, também eu já criei e integrei uma lista. E observando com atenção as listas de hoje tenho a dizer que, no meu tempo, nós éramos megalómanos. Ou malucos mesmo. Nós achávamos que íamos mudar o mundo com um patrocínio de 20 euros do café Avenida. 

Para terem mais ou menos uma noção, uma das nossas principais propostas era construir um campo de ténis! Um campo de ténis! A escola nem tinha dinheiro para pagar aquecedores durante o Inverno e nós achávamos que íamos fazer o Estoril Open versão marca branca atrás de umas bancadas? Com que dinheiro? Com o dinheiro das rifas? Ou aqui o Bruninho ia pedir um empréstimo em nome pessoal? Ia endividar a minha família inteira só para poder jogar matraquilhos à pala? 

Pior que isso, eu achava que ia literalmente mudar a planta da cidade na mesma semana em que organizava um torneio de flexões atrás do pavilhão. 

É que um ano letivo nem chega para arranjar as licenças para se construir um campo de ténis. Só as licenças são mais caras que o orçamento das listas. Todas juntas. Desde que existe escola. 

Outro aspeto importante que noto estar escasso é a originalidade. Peguemos no exemplo das listas de Rio Maior este ano. Existe a lista H, a lista R e a Lista S. Eu olho para isto e fico revoltado. Acho que não faz sentido. Num ano em que existem 3 listas e uma delas é a H, só fazia sentido as outras duas serem I e V. Posto isto, as listas são uma iniciativa muito boa e uma excelente introdução ao processo eleitoral democrático. Se pudesse, só acrescentava uma coisa. Acrescentaria uma espécie de peneira de pequenos políticos. Com câmaras de vigilância e alunos infiltrados em secundárias espalhadas por esse país fora conseguíamos ver que putos da associação de estudantes é que desviam dinheiro da mesa de matraquilhos para comprar croissants e mandá-los logo para Alcatraz. Assim nunca mais se via um único político corrupto em Portugal. De nada país.

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Bruno Rolo
O meu nome é Bruno Rolo, sou licenciado em Marketing Turístico e a minha principal ocupação é trabalhar como responsável de Marketing e Comunicação. Gosto de comédia e tento sempre incorporá-la na minha escrita, ainda que na maioria das vezes fique pelo tentar.