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Estar doente é bué pouco saudável

E pior do que ter aqueles calafrios e suores e calores e tremores da febre é ser violentamente forçado a fazer o meu xixi de pé uma vez que o conforto não compensa o frio da tampa.

Olá olá pessoa com a escolaridade obrigatória, como tem estado? Espero que bem, afinal de contas, a Joana Amaral Dias não se casou em direto na televisão para nada. No entanto, e com muita muita pena minha, não é sobre isso que venho aqui falar hoje. Talvez para a semana, se até lá a TVI não fizer um direto num batizado ou num funeral. 

Ora, após muitas semanas de ressabiamento, quem finalmente foi de férias foi aqui o menino. Fui e foi muito giro sim, mas não é bem das férias que eu quero falar. Falo antes das consequências imunitárias das férias que me fizeram ficar todo doente quando voltei. 

O resultado disso é que, este que aqui vos fala, rodeia-se de uma pequena metrópole de lenços ranhosos, com ruas, edifícios altos, jardins verdes (e o verde não é da vegetação), de montanhas de medicamentos e aterros de canecas que outrora habitaram chás vários. 

Agora, se me perguntarem se eu fiquei surpreendido por voltar das férias num estado de morto-vivo moribundo eu vou-vos responder que não. Porquê? Porque talvez seja o resultado esperado quando se volta de um sítio onde uma cerveja são 8 euritos, um croissant com fiambre são 5 e um jantar fora é o equivalente a uma prestação de um T3 no Rato, em Lisboa.

Com isto não quero dizer que não comi, com isto quero dizer que as minhas opções gastronómicas estavam limitadas a massa, atum, massa com atum, e em dias de loucura, atum com massa.
Claro que o resultado de uma semana a viver esta vida de escuteiro seria uma semana e meia de cama a comer canja ao pequeno-almoço. 

E estar doente tem-me feito pensar, e percebi que só damos valor a estarmos saudáveis quando estamos doentes. Ir à casa de banho é uma coisa insignificante quando estamos bem, não custa nada, consegue-se fazer literalmente com um pé às costas. Mas e quando estamos a arder em febre? Meu deus, parece uma viagem intercontinental no século IX, na minha cabeça vou tar 1 ano e 9 meses sem ver a minha família.

Vou conhecer uma mulher a caminho da casa de banho, vamos casar, ter filhos, o casamento vai correr bem ao início mas depois vai-se deteriorando, começamos a ficar irritados com a maneira como o outro come massa, decidimos ter mais um filho na tentativa de salvar o casamento, até parece resultar durante os primeiros 2 anos mas depois a falta de tempo a sós começa a afetar, de repente temos a frequência sexual de um louva-a-deus e temos uma discussão à frente dos miúdos.

No dia seguinte decidimos oficialmente divorciar-nos, todo o processo do divórcio até corre bem, apesar de ainda haver muita mágoa e muito amor, mas conseguimos pôr tudo para trás, pelos miúdos, eles não merecem ver os pais a passar por um divórcio violento.

Volto a ficar solteiro, estou com os putos semana sim e semana não, vivo perto da minha ex-mulher por isso é fácil a deslocação. Mas penso voltar para onde fui feliz, penso voltar para a minha cama, onde tinha febre, tempos mais simples. Esta minha viagem à casa de banho já deu o que tinha a dar e, após muita consideração, decido voltar. Faço-me à estrada e volto a enrolar-me nos lençóis, a tremer de frio e com calor ao mesmo tempo. Não é o ideal mas é melhor que pagar a pensão de alimentos aos putos. Os impostos no WC são altíssimos. 

Já que estamos neste registo quase escatológico de casa de banho vou confessar outra dor que sinto quando estou doente. Para quem não sabe, que espero que seja toda a gente, eu sou um sujeito que aprecia fazer o seu xixi em casa sentadinho, com calma, a ler os rótulos das embalagens que tenho à frente. E pior do que ter aqueles calafrios e suores e calores e tremores da febre é ser violentamente forçado a fazer o meu xixi de pé uma vez que o conforto não compensa o frio da tampa.

 Até podia continuar a discorrer sobre o dói dói que é estar doente e blá blá blá mas o efeito do brufen está a passar e tenho de voltar à minha rotina de me enrolar na cama com 3 cobertores e 2 sacos de água quente enquanto revejo o casamento da Joana Amaral Dias.

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Bruno Rolo
O meu nome é Bruno Rolo, sou licenciado em Marketing Turístico e a minha principal ocupação é trabalhar como responsável de Marketing e Comunicação. Gosto de comédia e tento sempre incorporá-la na minha escrita, ainda que na maioria das vezes fique pelo tentar.