Como será o Drácula dos dias de hoje?
Na semana passada estava no café com uns amigos e a conversa era de tal maneira interessante que dei por mim a pensar no Drácula. Porquê? Não faço a mais pálida ideia. Perceberam? Pálida? Peço desculpa.
Prosseguindo, não sei o que é que levou as minhas sinapses a carregarem informação sobre a mitológica criatura sanguinária, mas posso tentar adivinhar.
Os meus palpites são: vi um pássaro que me lembrou de um morcego; alguém no café pediu uma groselha; a pessoa à minha frente era daqueles indivíduos que possuem os caninos muito pontiagudos e produzem espuma branca nos cantos da boca. Meto as minhas fichas na terceira hipótese.
E colocada esta imagem na cabeça do querido leitor, posso prosseguir em paz sabendo que o meu dever aqui já foi cumprido.
Voltando ao café vampírico, dei por mim a imaginar como seria o Drácula nos dias de hoje. Certamente haverá alguma série da Netflix de qualidade altamente duvidosa que conte com esta premissa. Mas eu prometo que estou alheio a esse tipo de produções.
O Drácula de 2022 seria certamente uma criatura elegante, daquelas que usam anéis grandes nos dedos e colares com dentes de tubarão. Indubitavelmente teria uma ou outra tatuagem referente a um anime qualquer, e, obviamente, não se chamaria mais Drácula. Ao invés, adotaria um nome muito mais inclusivo e que não condicionasse as suas preferências sexuais e/ou canibais – Dráculx.
Tendo em conta as suas alergias fortes ao sol, seria evidentemente proprietário de um estabelecimento noturno chamado “Bloody Mary” onde poderia trabalhar em paz sem ter de se preocupar com a possibilidade de falecer caso espreitasse por uma janela.
A sua indumentária contaria com um sobretudo escuro, botas de cabedal e cabelo comprido, mas não do estilo surfista, uma coisa mais à festival da canção.
Até ver, tudo parece ótimo, o nosso amigo Dráculx conseguiria perfeitamente ter uma vida normal enquanto senhor das trevas. Ou será que sim?
Pergunto-lhe, o que aconteceria quando o Dráculx estivesse em casa de seus amigos, à noite, a jogar FIFA, e o grupo começa a ficar com aquele ratito no estômago e decidem encomendar uma pizza. A pizza chega, eles abrem a embalagem, e, como acompanhamento, estão 4 pães de alho.
Ou ainda, como é suposto ele fazer um refugado? E palitar os dentes, é seguro? Afinal de contas, palitos são mini estacas de madeira, uma das armas mais mortíferas para um vampiro.
E se a namorada lhe oferecesse um colar de prata? Prata esta que mal lhe toque na pele vai começar a queimar. Esqueçam, que burrice a minha. Claramente que a namorada dele não lhe iria oferecer prata uma vez que a namorada também seria uma vampira e eles ter-se-iam conhecido no “Vampr” uma aplicação para encontros vampíricos.
Mas então e o sangue? Teria ele tanto cuidado com a sua alimentação como o resto dos seres humanos têm atualmente? Procuraria sangue saudável, com baixos níveis de colesterol? Fosse esse o caso, eu estaria a salvo. Preocupar-me-ia antes com a malta do ginásio. Com aquele sangue puro, os triglicerídeos no ponto, os leucócitos em pico de forma. Refeição goumert.
Despeço-me aqui, tenho um café marcado para daqui a pouco e apetece-me imaginar como seria um lobisomem nos dias de hoje.
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