O Casamento do Bruno
O Bruno passa mais tempo a mandar bocas para as inimigas que a falar da própria mulher. Não tenho dúvidas que no fim do discurso do padre o único beijo que o Bruno queria dar era no ombro das inimigas.
Ora viva meus saquinhos de carne com ligação à internet ou a um quiosque, como estão neste regresso à vida laboral? No lodo não é? Estamos todos. E estarmos todos juntos nisto é bom e é mau. Por um lado, não és especial por seres o único com um estado de espírito introspectivo e melancólico que te faz questionar se a vida não passa deste sistema de trabalho anual e férias semanais. Por outro lado, não estás sozinho, o que é bom! Uma dor partilhada dói sempre menos.
Por isso é que se sente sempre aquele quentinho antes de um teste quando um amigo nosso diz que também não estudou nada. Pessoalmente, nunca tive este sentimento, não tanto por estudar muito mas mais por não ter amigos.
E o que me traz aqui hoje? Escusado será dizer, não só porque está no título como também porque é o acontecimento que eu tenho estado à espera durante toda a Silly Season. Mas digo-vos, não me importo de ter estado um mês na seca mediática que é Agosto para agora ser presenteado com uma transmissão em direto do casamento do Bruno Carvalho e da Liliana Almeida.
E, como saber que se vão casar 8 meses depois de se terem conhecido não fosse já presente suficiente para a velha que há em mim, ainda tinham de transmitir em direto. Se o azeite televisivo que é a TVI fosse um bolo, esta seria a cereja no topo.
Contudo, apesar da excitação, devo confessar alguma preocupação relativa ao futuro deste casamento. Tendo em conta o historial do Bruno de Carvalho de ter uma filha com cada mulher com que se casa, acredito que esta não será a exceção. E um filho nascido entre um amor que brotou no Big Brother estará à partida condenado a uma vida bastante previsível.
Das duas uma: ou chamar-se-à Winston e comandará um pelotão de militares num futuro distópico onde a tecnologia evoluiu de forma a conseguir policiar os nossos pensamentos. Ou chamar-se-à Napoleão e será o orgulhoso dono de uma cadeia de churrasqueiras chamada “O Triunfo Dos Porcos”. Esta foi para poucos, mas foi para os bons *emoji a piscar o olho*.
Por falar em olho, ao contrário do que seria esperado, o meu secou a ver o casamento. Tinham sobrado umas lágrimas da noite anterior em que tinha estado a ouvir o novo álbum da Taylor Swift mas secaram todinhas. Sequei tanto que os lábios ficaram gretados.
E as jóias presentes neste casamento são mais que as presentes na mão esquerda da Áurea durante uma gala do The Voice. Agora, estas jóias a que me refiro aparecem não na forma de metais preciosos mas sim em comportamentos absolutamente deliciosos por parte das personagens presentes.
Comportamentos tais como ver o Goucha em negação a falar constantemente da arquitetura do espaço, do simbolismo das cores e das flores presentes. Enfim, tudo o que lhe permitisse esquecer que estava onde estava. Um dos repórteres a dizer mais vezes do que seria esperado – e tendo em conta que dizer uma vez já é demais – que ia sair do pé das celebridades para falar com as pessoas “normais”.
A dedicatória da Liliana capaz de fazer chorar até o mais insensível dos calhaus e que termina com um poético “amo-te bué”. Já nem consigo ver o teclado onde escrevo com tanta lágrima, preciso de um tempo. Precisamos todos.
Mas se é para falarmos de discursos temos de falar do discurso do deus Bruno de Carvalho. Na leitura dos votos, o Bruno passa mais tempo a mandar bocas para as inimigas que a falar da própria mulher. Não tenho dúvidas que no fim do discurso do padre o único beijo que o Bruno queria dar era no ombro das inimigas.
Em tom de despedida permitam-me deixar só um apontamento mais sério. Acho este casamento a situação perfeita para exemplificar o poder de manipulação dos meios de comunicação nas pessoas.
Há 8 meses, o Bruno de Carvalho foi pintado como um agressor e um monstro, hoje, é pintado como um herói. Ninguém aqui beneficia disto, nem mesmo os próprios atores. As únicas pessoas que beneficiam disto são os engravatados à volta da mesa oval que controlam parte da nossa narrativa social.
Despeço-me aqui mas sem antes deixar um vídeo que me fez rir mais que o próprio casamento, deliciem-se – vídeo. Se perderem uns minutos a ler isto, por favor, percam mais uns segundos com o vídeo *emoji a rir*.
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