As necessidades.
Introdução.
Os cidadãos são muitas vezes tomados por malvados por fazerem determinadas escolhas, quando, na sua maioria, não têm grandes opções nem alternativas.
O que é preciso.
Não recupero o refrão de “o que faz falta é avisar a malta”. As pessoas sabem bem o que lhes faz falta, o que precisam, das coisas mais elementares até às grandes opções de vida.
Ninguém precisa de uma torneira em casa.
Em si é um objeto perfeitamente inútil, umas vezes com atributos estéticos mais ou menos interessantes. Se temos torneiras em casa é pela sua função de dispensador daquilo que verdadeiramente nos interessa – a água.
A água, sim. Precisamos dela, por aquilo que nos permite fazer: matar a sede, cozinhar, tomar banho e fazer toda a higiene e limpeza.
Andando do fim para o princípio. Temos necessidades, algumas bastante básicas, que para as satisfazer precisamos de água, o que nos leva a ter equipamentos associados e a fazer contratos de abastecimento.
Por detrás do fornecimento para cobrir o nosso consumo, está uma infraestrutura de canalizações, condutas, estações elevatórias, furos, barragens.
Assim como, após a utilização, há uma estrutura de saneamento, devidamente dimensionada.
A isto chama-se civilização, conforto, tempos modernos. Tornou-se mesmo uma exigência das pessoas. Nesta altura ninguém nas nossas cidades vai viver numa casa sem água canalizada.
Serviços e bem-estar.
Os exemplos, do nosso quotidiano sucedem-se:
A eletricidade para cobrir as necessidades de iluminação e todas as outras asseguradas pelos eletrodomésticos. Neste caso, ainda hoje se diz a conta da luz para referir a fatura da eletricidade. Já há muito que precisamos da eletricidade para outros abastecimentos, além dos candeeiros: conforto térmico, com aquecimento e climatização, preservação dos alimentos com os frigoríficos e arcas, cozinha, com os fogões e os fornos, aquecimento de água, com os termoacumuladores, e assim sucessivamente.
Não esquecemos as necessidades de comunicação, com os telefones, telemóveis ou internet. Aqui a infraestrutura é mais complicada pois além do suporte da comunicação, com ou sem fios, que inclui o telemóvel ou telefone, o computador, antenas, tem de ter também a própria eletricidade para abastecer de energia todos estes equipamentos.
Temos também as outras necessidades mais intangíveis, como a de cultura que nos é proporcionada por livros, espetáculos ou por rádio e televisão.
Não podemos omitir as necessidades de lazer, de férias, de viajar, de conviver. Associadas a estas estão as necessidades de transporte que nos levam a ter acesso a carro, comboio, avião. Este acesso é feito por compra, ou por qualquer tipo de contratação – aquisição de bilhete, aluguer ou outro. A compra pode-se justificar para os bens mais baratos, ou para os mais duradouros – carros, motas ou bicicletas, por exemplo.
Desculpem esta introdução. Isto é básico, todos sabemos, mas às vezes é esquecido.
Distorções.
A prova disso é que outras vezes, é o Poder que nos quer impor as nossas necessidades. Quando digo o Poder, estou a falar do Estado, do Governo e também dos grupos de pressão, sejam Organizações não Governamentais, comunicação social, sindicatos, comentadores e toda a gente que tem a mania de interferir nas opções dos outros. Enfrentá-los é um exercício de liberdade, mas também de sobrevivência.
O cidadão comum depara-se com uma poderosa máquina publicitária que ao mesmo tempo induz as aquisições e o faz sentir um miserável consumista.
Os exemplos sucedem-se e conhecemo-los bem: é a nossa vida dificultada nas cidades com ciclovias onde raramente aparece alguém a circular, é a perseguição ao uso do automóvel, mesmo sendo um instrumento de trabalho imprescindível.
Convenientemente tenta-se disfarçar o papel dos impostos e das taxas que nos dificultam o acesso a alguns bens e serviços.
Voltando ao campo da energia, o combate às energias fósseis levou ao encerramento das centrais a carvão. O fator do preço do fornecimento aos consumidores foi completamente negligenciado. Os empregos de técnicos altamente qualificados e especializados, também foram desprezados.
Irrita em particular a ironia de se invocar o nosso bem, o bem dos nossos filhos e netos, ou o bem do nosso planeta.
Na realidade, quando viagens, férias na praia, determinados eletrodomésticos ou mesmo alguns tipos de alimentos ficam acessíveis a classes que não os podiam adquirir, é quando se força a sua restrição. Geralmente os agentes dessas limitações são funcionários da capital e pessoas a quem nunca faltou nada.
Ricos na carteira e miseráveis para com os seus concidadãos.
Solidário para com quem tem a necessidade de gozar umas férias merecidas, deixo a ligação para um clássico do cinema:
As Férias Do Sr. Hulot – YouTube
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