Moradora da freguesia da Azinheira e arredores preocupados com a exploração de areias em Rio Maior.

A exploração do território para extração de areias em Rio Maior é um assunto discutido por poucos na freguesia, chegando a ser considerado assunto tabu por alguns. Mas, na passada semana, em Rio Maior, moradores da vila da Azinheira juntaram-se e decidiram que estava na altura de expor o assunto.

Um dos nossos leitores enviou-nos através das redes sociais um exemplar do cartaz, colocado em vários estabelecimentos de comércio da zona, que a Associação de Festas e Melhoramentos da Azinheira usou para divulgar o convite à população das zonas limítrofes, para se juntarem e debaterem sobre o assunto, sábado, dia 17 de fevereiro.

Convite para reunião na Azinheira

Os objetivos eram simples: a exposição da situação atual e futura da exploração do território e a criação de uma associação de defesa do território da Azinheira e zonas próximas.

Reunião na Azinheira

O RMJORNAL decidiu juntar-se à reunião, e trazer um resumo dos tópicos abordados, para toda a população de Rio Maior. No evento, que se iniciou pelas 19h, estavam presentes cerca de 60 pessoas, maioritariamente da Azinheira, mas também do bairro da Chaínça. Estava ainda presente um outro órgão de comunicação social regional.

Começámos por uma retrospectiva das zonas afetadas desde 2023, onde a gravidade da situação já se demonstra, através de imagens aéreas. O vídeo, à esquerda, ilustra a evolução da exploração desde 1984, até 2023.

Com a retrospectiva concluída, passou-se para os dados que surpreenderam a população: as áreas de exploração atribuídas, pedidas e os pedidos de prospecção (i.e. pedidos para avaliar a viabilidade do território nestes locais) para a exploração. A Azinheira, encontra-se encurralada entre as áreas atribuídas, de norte, a este e a sul.

É de questionar a avaliação que as entidades competentes (DGEG, entre outros) fazem que permite a exploração de recursos tão próximo de zonas agrícolas e habitacionais, levando até mesmo à sua destruição. Este foi um dos tópicos abordados na reunião do passado dia 17 de fevereiro.

A população, indignada com os dados que estavam a receber, não tardou em demonstrar o seu descontentamento. De reforçar que as áreas a azul estão aprovadas e atribuídas para a devida exploração.

Situação atual

Ainda mais chocante, foi a representação de uma vista aérea do que será a Azinheira (ou o que restar dela) se a situação não for travada. A zona azul, são áreas que as empresas de exploração podem escavar, com as licenças que já foram emitidas e atribuídas.

“O lago fica a 50 metros de minha casa”, referiu um morador preocupado. Este testemunho e muitos outros foram ouvidos durante cerca de uma hora e meia, no decorrer desta reunião. Foram também apresentados algumas das consequências que estas escavações apresentam para o público e território, tais como:

  • Poluição (ou até mesmo a sua seca) de lençóis de água subterrâneos
  • Poluição sonora
  • Redução da camada estrutural dos terrenos e zonas habitacionais (podendo levar ao seu desabamento)

Já não é novidade que escavações deste tipo podem vir a causar desabamentos, podendo levar consigo parte da zona habitacional da vila da Azinheira ou zonas vizinhas.

Ao que o RMJORNAL conseguiu apurar, nunca antes um movimento tinha sido constituído em Rio Maior, nem mesmo um movimento organizado que questione as entidades competentes sobre o porque da aprovação das licenças de exploração em locais tão próximos de zonas habitacionais.

O que esperar do movimento

Os oradores reforçam que este movimento não colocar nenhuma empresa no alvo, nem tem qualquer qualquer motivação política ou religiosa. São apenas moradores preocupados com o futuro da sua terra, e com a devida razão.

Foram também recolhidos os contatos dos presentes para posterior formação de uma associação, para prosseguir com os trabalhos e objetivos deste grupo. O grupo de pessoas ainda presentes aderiu sem demoras ao movimento, quer com a disponibilização de contatos quer com a partilha nas redes sociais.

O RMJORNAL irá acompanhar os trabalhos deste movimento, e publicar todas as atualizações a que tiver acesso do movimento formado.

Afonso Santos
Programador de sistemas de informação em Leiria. Responsável pela infraestrutura informática do RMJORNAL. Escreve artigos técnicos, de tecnologia e também reportagens na região de Rio Maior.
https://afonsosantos.me

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