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“Associativismo e Poder Local”

A CPCCRD (CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DAS COLECTIVIDADES DE CULTURA, RECREIO E DESPORTO) organizou uma Conferência/Debate subordinada ao tema “Associativismo e Poder Local”,  que teve como foco a relação entre o Associativismo e o Poder Local.

Conferência/Debate on line

A relação entre o Associativismo e o Poder Local foi o principal foco da Conferência/Debate subordinada ao tema “Associativismo e Poder Local”, que decorreu no passado dia 2 de junho, entre as 21 e as 23 horas, na plataforma Zoom, reunindo vários representantes de coletividades de Cultura, Recreio e Desporto. O debate foi moderado por Bruno Augusto -Conselheiro Nacional da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD) e teve como oradores Sérgio Pratas – Presidente do Conselho Jurisdicional da CPCCRD e Augusto Flor – Ex. Presidente da CPCCRD.

A Cooperativa Alma Maior, de Rio Maior, fez-se representar através da cooperante Catarina Abreu.

Esta iniciativa, que se insere nas atividades promovidas pela CPCCRD, com o objetivo de criar uma união e troca de experiências entre os movimentos associativos de todo o país, foi proposto por Marlene Sofia soares, vogal da CPCCRD e Dirigente responsável pelo Gabinete Polo Atendimento do Centro.

Numa primeira abordagem teórica, houve uma sucinta descrição dos tipos de movimentos associativos existentes e sua heterogeneidade, que podem ir desde coletividades de integração social (como associações de solidariedade social ou religiosa, associações de pais ou ligadas a atividades desportivas, culturais e recreativas), defesa de interesses de grupo (sindicatos, pensionistas, jovens, empresas, partidos políticos, etc.), até aos novos movimentos de associações de consumidores, ecologistas, ambientalistas ou defesa dos animais..

Estatisticamente temos mais associações no norte do país, mas por exemplo, na Região do Alentejo há uma grande dinâmica nesse campo. Existem em média 108 associações por concelho, e 5% do total do emprego remunerado depende destas coletividades.

O associativismo promove a coesão social e territorial, saúde e bem estar, democratização cultural e ainda produz efeitos positivos no plano económico das comunidades.

Os maiores riscos e desafios da atividade associativa são a falta de diversificação de financiamento, que pode gerar dependência ou subordinação, a procura de parcerias benéficas para todas as partes, em vez de subsídios, e a capacidade de criarem uma dinâmica com outras autarquias e associações, fora da sua bolha comunitária, evitando a estagnação.

Relação de cooperação, dependência ou conflito?

Em relação ao Poder Local, a realidade demonstra que um grande número de autarcas anteriormente dedicou-se à liderança associativa e muitos dirigentes associativos são ex-autarcas.

O associativismo acaba por ser, também, uma escola de líderes e de indivíduos com consciência cívica e capacitados para a causa pública.

Contudo, durante o debate, aberto a perguntas e opiniões, discutiu-se se a relação existente atualmente entre as coletividades associativas e as autarquias é uma relação de cooperação, dependência ou conflito.

As opiniões divergiram um pouco, conforme a experiência de cada um dos representantes associativos mas no final todos concordaram que o ideal é existir uma relação de cooperação, já que tanto as autarquias necessitam das associações, com a sua experiência e recursos, sobretudo humanos, como as associações necessitam das autarquias para realizar as suas atividades, nem sempre apenas por motivos financeiros mas também de alguma logística e promoção.

Por vezes as associações são vistas como exploradoras de subsídios, inclusive por alguns autarcas. Contudo é preciso erradicar essa ideia de dar uma “esmola” às coletividades locais para as manter satisfeitas, porque o que normalmente existe é uma relação de inter-dependência ou cooperação, em que ambas as partes trabalham para um objetivo comum que vai beneficiar a comunidade local.

Um dos participantes no debate referiu que, pelo menos na sua experiência e conhecimentos próximos, no desempenho de liderança de movimentos associativos, encontra uma relação de conflito entre estes e o poder local, uma vez que o mesmo não mostra disponibilidade para apoiar as atividades associativas nem financeiramente nem na cedência de espaços ou outras formas de apoio, preferindo ser a autarquia a desenvolver as suas próprias atividades sem fazer conta com as associações, o que leva estas a também funcionarem de costas voltadas para as autarquias.

Sérgio Pratas, contudo, refere a importância da existência de cooperação entre ambas as partes, articulando recursos e estratégias em comum até para não dispersar recursos. Lamenta, sim, a falta de cooperação com o Poder Central, nomeadamente na distribuição de verbas.

Nesta conferência também foi referido o facto de algumas autarquias recorrerem a entidades privadas para promover eventos e atividades, seja por não haver articulação com os movimentos associativos, seja porque estes não existem ou não estão ativos nessa comunidade.

Esta iniciativa contou com representantes de coletividades de todo o país.

Catarina Abreu
Licenciada em Jornalismo, escritora, formadora de escrita criativa, administrativa na função Pública, residente em Rio Maior e membro da Cooperativa Alma Maior.

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