Porque na noite em Dezembro ou se vê grupos de mães guerreiras que vieram loucas do jantar da empresa, ou filhotes guerreiros que vieram loucos do jantar da Associação de Estudantes.
Olá leitor, seja bem-vindo, como vai esta época festiva de Dezembro marcada essencialmente por jantares de grupo no Chimarrão e senhoras de 42 anos bêbadas com ginga de Óbidos? Não vou mentir sobre ter sido difícil sair à noite ultimamente, porque tem. Por razões várias.
Uma delas deve-se aos vários contrastes de temperatura que o meu frágil sistema imunitário tem de aguentar por noite. Primeiro, começo no quentinho da minha casa. Hmm tão bom, pantufas e um daqueles sacos de água quente elétricos que nos primeiros 5 minutos queimam demasiado e passado 20 minutos já nem quentes estão. Maravilha.
Depois, tenho de enfrentar as agressivas temperaturas da noite de Rio Maior. Equipo-me com uma botinha, um casaco, e nos dias em que tenho mais bazófia, um cachecol.
Aventuro-me nestas duras condições climáticas até entrar num estabelecimento noturno. Chegando a este ou qualquer outro estabelecimento, sou recebido com um bafo de fumo quente com cheiro a tabaco e más decisões de vida. Entro, e imediatamente o cachecol e o casaco vão à vida e vejo-me obrigado a andar o resto da noite com uma muda de roupa debaixo do braço.
Nas horas que se seguem uma pessoa sua, sangra e chora. Nos dias mais loucos chego até a estar de t-shirt.
No entanto, ao final da noite, saio pela porta por onde entrei, e de repente estou na Antártida, perdi o cachecol, o casaco está cheio de Super Bock, e por alguma razão já só tenho um sapato. Caminho até casa com pingo no nariz e arrependimento por não ter ficado em pantufas.
Todos os bons momentos daquela noite foram imediatamente apagados na minha memória com aquelas borrachas verdes que borram tudo.
O único pensamento presente na minha mente é que nenhuma quantidade de diversão compensa o facto de chegar com estalactites de ranhoca penduradas no nariz.
“Está decidido, não volto a sair à noite até Março” – penso eu, inocentemente, todas as semanas. Mas no fim-de-semana seguinte lá vou eu outra vez. É o equivalente ao “nunca mais bebo” mas com graus Celsius.
A outra razão que torna difícil sair à noite em Dezembro é, no fundo, sentir-me um outsider etário. Porque na noite em Dezembro ou se vê grupos de mães guerreiras que vieram loucas do jantar da empresa, ou filhotes guerreiros que vieram loucos do jantar da Associação de Estudantes. E eu, que vim louco de um jantar num restaurante chinês não encontro lugar para mim.
E a última razão… Bem, tecnicamente não há nenhuma terceira razão. Muito devido ao facto disto ter sido escrito apenas com a intenção de ser uma introdução. Contudo, aqui o menino que vos escreve entusiasmou-se e quando deu por ele 70% da crónica era sobre sair à noite em Dezembro.
Se é um tema que me orgulhe? Nem de perto nem de longe. Mas é transparente, e todos sabemos que a transparência é a característica mais importante de um cronista, quiçá, de uma pessoa.
Mas, e o suposto tema principal desta crónica, era bom? Uiii, não fazem ideia. Era o tema dos temas! Honestamente, ainda bem que não o desenvolvi agora, acho que o leitor não ia estar preparado. Muito provavelmente, ao lê-lo, os seus olhos iriam começar a arder, as suas orelhas e nariz implodiriam e toda a sua matéria física colapsaria sobre ela própria. Nem é bom pensar.
Ficou curioso? Compreensível, até eu fiquei. Mal posso esperar por vir aqui e mudar o mundo com a acutilância deste tema tão fraturante para a sociedade.
Se quiser testemunhar este evento em primeira mão é só voltar aqui para a semana. Não posso dizer muita coisa, mas posso dizer que envolve a palavra “Chill”, mas vai ser tudo menos chill.
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