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Globalização e Pandemia
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A GLOBALIZAÇÃO E A PANDEMIA

A GLOBALIZAÇÃO E A PANDEMIA – PARTE II

Dando continuidade ao artigo da passada semana e, aproveitando também, para exprimir o meu pensamento sobre a fraca qualidade apresentada até ao momento nos debates dos partidos políticos para as próximas eleições legislativas. Refiro-me à falta de discussão sobre os problemas de Portugal e obviamente, sobre as políticas europeias conjugadas e concertadas na defesa do interesse europeu.

Penso que a solução, será diversificar. Porém, no mundo global, é possível fazer acordos com novos parceiros comerciais numa lógica de diversificação com zonas geográficas mais próximas. Depois, criar relações fortes com os fornecedores, mesmo que isso signifique prejudicar um pouco o fator preço, a nossa realidade tem de ser vista e considerada no âmbito de políticas europeias, penso, que é aqui que temos de apostar.

Como tem sido notório, as cadeias de distribuição internacionais entraram em situação de rutura por causa da pandemia covid, assim como a implementação estratégica de bloqueios no transporte marítimo, levados a cabo por alguns grupos que gerem os portos e os transportes marítimos.

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Estas situações, ao ocorrerem, fortalecem ainda mais a ideia de que as empresas e os Estados têm de reavaliar as suas estratégias de offshore e diversificar as suas fontes de abastecimento.

Os atrasos nas encomendas, põem empresas e lojas com stocks a zero. As empresas ficam com a produção parada, por falta de componentes e matérias-primas, levando os preços de bens e serviços a disparar. Um exemplo em Portugal foi o caso da Autoeuropa, empresa, que é responsável por quase 5% das vendas de Portugal para o estrangeiro, é o exemplo mais conhecido.

Desde o início do ano transato, que o fabricante automóvel foi obrigado a suspender a laboração por falta de semicondutores por quatro vezes, a última das quais em outubro. Esta situação manifesta-se num nível de produção bastante inferior ao previsto inicialmente, refletindo-se assim, numa queda das exportações com prejuízo para a nossa economia.

A pandemia, expôs de uma forma clara, que a globalização tem falhas, e traz problemas que muito poucos sabiam que podiam existir. As cadeias de distribuição internacional deixaram de trabalhar normalmente, com consequências graves para a atividade económica em todo o mundo. Como já referi anteriormente, os Estados e as empresas, terão de passar por reduzir os níveis de dependência face a determinados fornecedores e clientes.

A globalização, tal como a conhecemos, também nos deu coisas extremamente positivas, como a eficiência criada pela especialização competitiva. Por outro lado, a globalização, levou-nos a outros problemas que já mencionei anteriormente.

Queria finalizar, dizendo o seguinte: no nosso debate político, não vejo discussões sobre a nossa atual situação, e como é que cada partido pensa recuperar Portugal?

A nossa recuperação pode estar comprometida por falta de matérias-primas, e de mão de obra. Atualmente estão a ficar desertos muitos concursos de obras públicas. As empresas não concorrem! Isso, irá comprometer os investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), cujo período de execução vai até 2026. Assim, toda a dinâmica e calendarização, provavelmente poderá estar comprometida.

Convém dizer também, que aliadas a estas incertezas, o Banco de Portugal, Instituição liderada por Mário Centeno está preocupada com o médio prazo, devido às incertezas que decorrem da pandemia e a “acumulação de vulnerabilidades”.

A avaliação das casas pode mudar e, os juros podem começar a subir. Isto, são também alertas deixados pelo Banco de Portugal no Relatório da Estabilidade Financeira de 2021. O supervisor antecipa a deterioração da qualidade dos ativos e a concretização dos riscos de crédito.

O Banco de Portugal alerta ainda, para a possibilidade de as famílias ficarem com menos rendimento disponível.  Um risco, dado o aumento do endividamento dos particulares, sobretudo, através do crédito à habitação, o que os deixa mais vulneráveis a situações de desemprego. Eu, acrescento também, o aumento do custo de vida!

Outra preocupação vinda de Mário Centeno, lembra o seguinte: o Governo que ganhar as eleições de janeiro, tem de diminuir a dívida: “terá dois a três anos” para equilibrar as contas.

Pergunto: ouvem os partidos políticos falar sobre estas realidades?

Rio Maior, 6 de janeiro de 2022

João Teodoro Miguel escreve às quintas feiras no Rio Maior Jornal

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João Teodoro Miguel
João Teodoro Miguel, é natural de Rio Maior. Foi empresário até 2008. Teve uma breve passagem pela política como independente. É Mestre em Economia, Políticas e Culturas. Pós-graduado em Gestão e Organização Industrial. Diplomado no Programa Avançado de Economia e Gestão de Empresas de Serviços de Águas. Foi investigador na Universidade Lusófona. Atualmente é reformado.

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