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5 minutos de Fama

5 minutos de fama

Que toda a gente está só à espera que rebente uma polémica sobre um tema que ela domine para que possa fazer um post todo bonitinho e ter os seus 5 minutos de fama.

Viva leitor, Como vão os seus 5 minutos de Fama? Espero que esteja tudo bem, caso contrário nem vou conseguir dormir bem esta noite pensando em você. 

Esta semana, continuamos no mesmo registo que na semana passada que passa muito por me queixar da ausência de acontecimentos durante este mês. 

Mas atenção, não vou repetir a mesma marosca da última quarta-feira em que vos arrasto pela lama de degredo noticiário e polémico que são as headlines das notícias em Agosto. Não senhor, esta semana venho falar-vos de uma espécie de post nas redes sociais em que ando a reparar mais frequentemente. E que post é este? – Pergunta pertinentemente o leitor.

Ora bem, este grito por atenção disfarçado de publicação nas redes sociais segue um padrão muito evidente. Este menino surge, por norma, poucos dias depois de rebentar uma ogiva nuclear de polémica efémera. Tendencialmente, é feito com o intuito de explicar a situação original da polémica. Umas vezes, batendo ainda mais no ceguinho que está debaixo de fogo, outras vezes, esclarecendo apenas a situação de um modo mais geral. 

Está confuso? Acredito que sim. É para isto que servem os exemplos. Peguemos em alguns exemplos recentes que acredito ainda estarem frescos na memória de quem lê isto. Há uns dias, saiu uma notícia que dizia que uma lei havia sido aprovada e que decretava que qualquer pessoa com uma licenciatura podia dar aulas. Ora, escusado será dizer, que este título é sensacionalista e que a lei não quer literalmente dizer que qualquer marmelo com uma licenciatura pode seguir uma carreira enquanto docente. 

Para quem tem o raro hábito de ler as notícias na sua íntegra e não se ficar apenas pelo título percebe que, esse mesmo título, é como certas pessoas que todos conhecemos, tenta chamar muito a atenção para si, mas quando realmente perdemos tempo com ela percebemos que não tem nada de mais para dizer. 

Muito resumidamente, o que a lei diz é que basta ter uma licenciatura para se exercer trabalhos de ensino temporários, como professor substituto. 

Posto isto, e voltando ao post, imediatamente uns dias depois começou a ser partilhada uma publicação de uma pessoa que condenava veemente esta lei e fez questão de o demonstrar num post com um design estranhamente cuidado e atrativo, seguido, OBVIAMENTE, de um elaborado testamento. 

Esta publicação foi feita, claro, por um docente. E nela dizia o quão irresponsável era qualquer pessoa com uma licenciatura poder dar aulas. E esta pessoa tinha toda a propriedade para falar claro, porque a situação era relativa à sua profissão. 

E é precisamente aqui que eu queria chegar. À suposta propriedade que certas pessoas têm – ou acham que têm – para falar, quando o tema é relativo a algo que faz parte da vida deles. 

E podemos testemunhar este fenómeno a acontecer várias vezes em várias ocasiões diferentes.

Lembro-me que há uns tempos entrou em cena no diálogo mediático o quão prejudicial era para os cães os fogos de artifício durante a passagem-de-ano.

Uns dias depois, viraliza uma publicação de uma pessoa a falar sobre isto. Essa pessoa trabalhava com cães.

E ainda me lembro de outra altura em que uma deputada do Chega disse umas afirmações no mínimo estranhas em relação ao feminismo. Um dia depois, viraliza uma publicação de uma feminista (de profissão) a falar sobre o assunto. Foi a oportunidade para ela subir a palco e falar.

Com isto concluo o quê? Que toda a gente está só à espera que rebente uma polémica sobre um tema que ela domine para que possa fazer um post todo bonitinho e falar em praça pública durante uns momentos. Os tão desejados 5 minutos de fama. 

Eu por aqui fico à espera da minha vez, à espera do dia em que saia uma notícia escandalosa sobre marketing em stands de automóveis usados e semi-novos para que eu possa falar com toda a propriedade e ter, finalmente, os meus 5 minutos de fama. 

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Bruno Rolo
O meu nome é Bruno Rolo, sou licenciado em Marketing Turístico e a minha principal ocupação é trabalhar como responsável de Marketing e Comunicação. Gosto de comédia e tento sempre incorporá-la na minha escrita, ainda que na maioria das vezes fique pelo tentar.